‘Meu pai é mais que pai e mãe’, conta filho que preferiu pai após separação
Fernando escolheu morar com o pai, Vinícius, há oito anos.
No Dia dos Pais, G1 conta histórias como a deles.
“Meu pai é mais que pai e mãe. Ele é meu companheiro, pra tudo”, afirma
o estudante Fernando Fialho, de 17 anos, que, ao contrário da maioria
dos jovens em sua posição, escolheu morar com o pai, Vinícius Fialho,
quando ele e sua mãe se separaram, há oito anos. "Meu pai é tudo na
minha vida. É amor, é carinho, é confiança", conta.
“Quando me separei da minha mulher, ele veio direto comigo para o escritório onde eu estava ficando. A gente não tinha onde dormir, eu disse para ele ir com mãe, mas ele não queria saber. Tinha oito anos. O Fernando me deu muita força, foi ele quem me fez dar a volta por cima”, conta o pai. Os dois irmãos de Fernando preferiram ficar com a mãe.
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Na maioria dos casos em que o pai ganha a guarda, diz Paioletti, é “uma oficialização de uma situação já existente”, como ocorreu entre Fernando e Vinícius. “Quando o pai geralmente, por decisão anterior tomada dentro da família, já está com o filho”, afirma o juiz. No caso de disputa dos pais, a opinião da criança é levada em conta, mas não é o fator decisivo.
A psicóloga Cida Lessa orienta que o momento deve ser de diálogo e que os problemas do casal que levaram à separação devem ser poupados da criança. “Os pais precisam entender que a criança é maior que o problema do relacionamento deles”, afirma.
Ela explica que, embora o ideal seja que pai e mãe participem ativamente da vida do filho, não há perda nenhuma quando a criança é criada só por um ou por outro. “Existe um estranhamento [quando a criança fica com o pai], mas não é necessário. O pai é perfeitamente capaz de criar uma criança, desde que tenha amor, carinho e saiba impor limites”, diz Lessa.
Solange Aguiar, esposa de Vinícius há cinco anos e madrasta de Fernando, que o diga. “Os homens podem sim criar os filhos. O Vinícius criou um menino maravilhoso, educado, tranquilo”, conta. A relação entre filho e madrasta é explicada nas palavras do adolescente: “é melhor impossível”. Ao ponto de causar até ciúmes no pai: “acho que ele respeita mais ela do que eu”, brinca.
‘A primeira mulher que me faz voltar no horário’
O juiz Paioletti explica que há uma leve tendência a meninos preferirem morar com os pais. Mas na casa de Walter e Gabriela Ohofugi, em Palmas (TO), a história é outra. A menina de 15 anos mora com o pai há três, desde que sua mãe mudou para o exterior. A decisão, segundo Walter, foi tranquila.
“Minha ex-esposa é uma pessoa bastante sensata. A gente teve problemas, é claro, mas sabemos que nós dois queremos o melhor para a Gabi e isso fez com que a gente acabasse tendo uma relação de ex-marido e ex-mulher bem tranquila. Ela até brinca que existe ‘pai ausente’, mas eu sou um ‘pai onipresente’”, conta Walter.
No papel, a guarda da adolescente é compartilhada desde o momento da separação, quando a menina tinha seis anos. “Fizemos isso quando ainda era novidade e sempre sem trauma. Nunca fui pai de fim de semana, sempre vi minha filha todos os dias. Ela tinha portas abertas nas duas casas e dormia onde queria, quando queria”, conta.
A criação de uma menina adolescente gera ciumeira, mas ele diz que tenta se controlar.
“Começou essa história de namoradinho, né? Eu fiquei meio assim com isso, achei que era muito precoce. Daí fiz uma enquete com as mulheres que eu conheço, minha irmã, minhas amigas, e elas disseram que tinham começado namorar até antes. Então eu fui lá conversar, tentar ver por um outro lado. Não vou dizer que não fico enciumado não, mas a gente tem um diálogo muito bom”, conta o pai.
Outra menina que também decidiu morar com o pai foi a hoje universitária Mayumi Yamao, de 18 anos, que vivia com o pai desde os 15 – até mudar de cidade para fazer faculdade.
Como no caso de Gabriela, a mãe de Mayumi mudou de cidade e a filha preferiu ficar com o pai. “Não era justo deixá-lo sozinho”, conta. A irmã mais velha mudou com a mãe. “Ficou repartido, uma para cada”, brinca ela.
“Meu pai e eu nos entendemos muito bem. Já tivemos discussões, ele é meio cabeça dura”, brinca. “Mas eu não reclamo, ele é tudo de bom na minha vida, é o melhor pai de todos”, conta.(...)
“Quando me separei da minha mulher, ele veio direto comigo para o escritório onde eu estava ficando. A gente não tinha onde dormir, eu disse para ele ir com mãe, mas ele não queria saber. Tinha oito anos. O Fernando me deu muita força, foi ele quem me fez dar a volta por cima”, conta o pai. Os dois irmãos de Fernando preferiram ficar com a mãe.
'Fernando me deu muita força', diz o pai do jovem, Vinícius Fialho (Foto: Daigo Oliva/G1)
Casos como os de Fernando e Vinícius são raros, mas acontecem, explica o
juiz Marco Aurélio Paioletti, da 2ª Vara da Família de São Paulo. “Não
existe um levantamento oficial sobre isso, mas a minha experiência, pelo
que eu vejo aqui, diz que os casos em que a guarda do filho fica com o
pai não chegam a 10%”, afirma ele. “E há um padrão: quanto mais nova a
criança, mais raro, porque a criança pequena é muito ligada à figura da
mãe”, explica.Comente esta notícia
Na maioria dos casos em que o pai ganha a guarda, diz Paioletti, é “uma oficialização de uma situação já existente”, como ocorreu entre Fernando e Vinícius. “Quando o pai geralmente, por decisão anterior tomada dentro da família, já está com o filho”, afirma o juiz. No caso de disputa dos pais, a opinião da criança é levada em conta, mas não é o fator decisivo.
Gabriela Ohofugi e o pai, Walter: 'existe pai
ausente, eu sou pai onipresente' (Foto: Arquivo
Pessoal)
“O que a criança quer importa, é claro, mas ninguém vai chegar e
perguntar direto ‘você prefere seu pai ou sua mãe?’. Isso é aumentar um
trauma em um momento muito difícil. O que fazemos é uma avaliação com
psicólogos que vão conversar com a criança, ver o que ela quer, com quem
ela vai ficar mais confortável”, explica Paioletti. “Também
entrevistamos os pais. A decisão é pelo que for melhor possível para a
criança”, afirma.ausente, eu sou pai onipresente' (Foto: Arquivo
Pessoal)
A psicóloga Cida Lessa orienta que o momento deve ser de diálogo e que os problemas do casal que levaram à separação devem ser poupados da criança. “Os pais precisam entender que a criança é maior que o problema do relacionamento deles”, afirma.
Ela explica que, embora o ideal seja que pai e mãe participem ativamente da vida do filho, não há perda nenhuma quando a criança é criada só por um ou por outro. “Existe um estranhamento [quando a criança fica com o pai], mas não é necessário. O pai é perfeitamente capaz de criar uma criança, desde que tenha amor, carinho e saiba impor limites”, diz Lessa.
Solange Aguiar, esposa de Vinícius há cinco anos e madrasta de Fernando, que o diga. “Os homens podem sim criar os filhos. O Vinícius criou um menino maravilhoso, educado, tranquilo”, conta. A relação entre filho e madrasta é explicada nas palavras do adolescente: “é melhor impossível”. Ao ponto de causar até ciúmes no pai: “acho que ele respeita mais ela do que eu”, brinca.
‘A primeira mulher que me faz voltar no horário’
O juiz Paioletti explica que há uma leve tendência a meninos preferirem morar com os pais. Mas na casa de Walter e Gabriela Ohofugi, em Palmas (TO), a história é outra. A menina de 15 anos mora com o pai há três, desde que sua mãe mudou para o exterior. A decisão, segundo Walter, foi tranquila.
“Minha ex-esposa é uma pessoa bastante sensata. A gente teve problemas, é claro, mas sabemos que nós dois queremos o melhor para a Gabi e isso fez com que a gente acabasse tendo uma relação de ex-marido e ex-mulher bem tranquila. Ela até brinca que existe ‘pai ausente’, mas eu sou um ‘pai onipresente’”, conta Walter.
No papel, a guarda da adolescente é compartilhada desde o momento da separação, quando a menina tinha seis anos. “Fizemos isso quando ainda era novidade e sempre sem trauma. Nunca fui pai de fim de semana, sempre vi minha filha todos os dias. Ela tinha portas abertas nas duas casas e dormia onde queria, quando queria”, conta.
Mayumi Yamao: 'ele é tudo de bom na minha vida,
é o melhor pai de todos'. (Arquivo Pessoal)
Agora, morando com a filha em tempo integral, ele conta que a
experiência não poderia ser melhor. “A gente mora quase em uma
república. Meus amigos até brincam que ela é a primeira mulher que me
faz voltar no horário para casa”, brinca o pai.é o melhor pai de todos'. (Arquivo Pessoal)
A criação de uma menina adolescente gera ciumeira, mas ele diz que tenta se controlar.
“Começou essa história de namoradinho, né? Eu fiquei meio assim com isso, achei que era muito precoce. Daí fiz uma enquete com as mulheres que eu conheço, minha irmã, minhas amigas, e elas disseram que tinham começado namorar até antes. Então eu fui lá conversar, tentar ver por um outro lado. Não vou dizer que não fico enciumado não, mas a gente tem um diálogo muito bom”, conta o pai.
Outra menina que também decidiu morar com o pai foi a hoje universitária Mayumi Yamao, de 18 anos, que vivia com o pai desde os 15 – até mudar de cidade para fazer faculdade.
Como no caso de Gabriela, a mãe de Mayumi mudou de cidade e a filha preferiu ficar com o pai. “Não era justo deixá-lo sozinho”, conta. A irmã mais velha mudou com a mãe. “Ficou repartido, uma para cada”, brinca ela.
“Meu pai e eu nos entendemos muito bem. Já tivemos discussões, ele é meio cabeça dura”, brinca. “Mas eu não reclamo, ele é tudo de bom na minha vida, é o melhor pai de todos”, conta.(...)
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